Carpi, Província de Modena, Região da Emilia-Romanha, Itália, 1923

 Edgardo Giora faz parte daquele grupo de artistas virtuoses que preferem o silêncio e a distância dos holofotes. Veio da Itália em 1948 para trabalhar junto ao Grupo Matarazzo, instalando-se primeiramente nas Minas de Morretes, e depois na cidade de Porto Alegre, onde reside desde então. Jovem ainda, na Europa participou da II Guerra Mundial como soldado das Forças do Eixo, tendo sido pára-quedista especializado em missões de sabotagem. Geômetra de formação, aqui trabalhou como empreiteiro de obras, tendo exercido importante papel nas construções da atual Estação Rodoviária de Porto Alegre e do Planetário da UFRGS. Formou-se advogado por diletantismo e cursou, tardiamente, com seu filho Ítalo, também artista-escultor, o Ateliê Livre da Prefeitura. Como italiano e artista plástico, manteve estreita amizade com Aldo Locatelli, de quem sua pintura apresenta clara e forte influência. Especializou-se no retrato da figura humana, tendo realizado inúmeros trabalhos por encomenda, em especial para a IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PORTO ALEGRE. Sua pintura de muita síntese, também nos temas paisagem e natureza-morta, apresenta a luminosidade dos impressionistas e a força de pinceladas nervosas como as de alguns expressionistas, lembrando em particular Oskar Kokoschka, artista a quem tanto sempre admirou.  Sua última aparição pública deu-se no MARGS, em 2005, na exposição Anima Italiana cujo folder traz em sua capa uma magnífica obra do artista. Sua exposição aqui no Palacinho, casa projetada pelo célebre engenheiro italiano Armando Boni, traz especial significado à inauguração da galeria, visto que ambos são oriundos da mesma Província italiana, Modena, e profissionalmente se envolveram os dois, como construtores e artistas, em projetos de obras e de artes.

 

Paulo Amaral
Curador da exposição, em colaboração com a ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO PALACINHO